segunda-feira, dezembro 21, 2009

A VINCULAÇÃO CONSCIENTE COM O CRIADOR


 

                                      A VINCULAÇÃO CONSCIENTE COM O CRIADOR


                                         Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas

 Identificar dentro o embuste, a mistificação e o falso faz parte do processo de redenção. Aprendi que eu posso ser o meu próprio redentor.

Estudando, pensando e refletindo fui identificando dentro mim pseudos conceitos e ideias mumificadas impingidas na tenra idade e que influenciavam o meu comportamento, modo de ser e ver as coisas. A compreensão estava comprometida com o inculcado sobre Deus na infância.

Vi que o vazio que experimentava internamente era causado por crenças, crendices e dogmas que pregavam uma moral divorciada por completo da realidade da vida.

O processo de aperfeiçoamento sugerido pelo conhecimento me propunha a troca do crer pelo saber. O espírito humano precisava dar um passo adiante em sua escalada evolutiva, substituindo a posição passiva de crença na vida espiritual, avançando na conquista de conhecimentos sobre essa natureza superior.

Com o andar do tempo, procurando praticar esses conhecimentos, identifiquei no meu cotidiano atitudes, modalidades, conduta e até gestos impregnados de falsas ideias de alma, espírito e Deus. As imagens, a maioria delas recebidas na infância, não resistiam mais às reflexões surgidas nesse contato com a sabedoria e se despedaçavam, caindo uma após outra e dando lugar a uma sensação de leveza e bem estar, nunca anteriormente experimentados.

Pela primeira vez podia pensar sem o temor de ser punido, castigado e isso me dava a sensação de liberdade. As ataduras que bloqueavam o meu entendimento se desfaziam quando me encontrava de frente com as verdades reveladas pelo novo saber que me estava sendo apresentado.

Interessante que muitas reflexões que intimamente me fazia e, sequer tinha coragem de recordar-me delas e muito menos expressá-las, via se reavivarem dentro de meu ser, porque encontravam grande afinidade com a nova linha de raciocínio que era convidado a seguir.

A falsa idéia de um deus vingativo e colérico era substituída pelo conceito dinâmico da elevada grandeza do Criador, magnânimo e sua imagem inabarcável para a mente humana. Sentia mais que compreendia, num princípio, essas mudanças que ocorriam em meu interno, no contato com os ensinamentos reais.

Estava compreendendo que havia dentro de meu ser crenças que me bitolavam, impedindo a mente de funcionar para os assuntos relacionados com a vida do espírito.

Sentia-me liberto dessas amarras e experimentava a confiança que depositava em mim e me via mais seguro para encarar as atividades que empreendo e responsabilidades que assumo frente a mim mesmo e frente ao semelhante.

Em momentos intensos, quando, por exemplo, sofria a perda de um ser querido, exclamava: como as crenças oferecem ao homem uma concepção tão mesquinha e irreal dessa oportunidade de viver! Achava que a vida na terra era um vale de lágrimas. Não a encarava como uma grande oportunidade de aperfeiçoamento e evolução. Sentia-me triste ao não ter um objetivo superior para a vida. Estou aprendendo que tenho uma missão que cumprir nesta terra.

  Em realidade, a vida não termina com a morte física e sequer começa com o nascimento do ser.

Ao trocar a posição de crer para a de saber, minha conduta experimentava mudanças importantes. Um pensamento que, às vezes, me levava ao desânimo era o de lamentar os erros, os desacertos. É mais inteligente prosseguir na luta para alcançar a vitória do que me deter pensando e lamentando os erros e as faltas cometidas. Caso contrário, nunca chegaria ao objetivo que persigo. A energia que gastarei em lamentações devo empregá-la na construção e no prosseguimento da obra de meu próprio aperfeiçoamento.

Encontrei no conhecimento um guia que me orienta nas necessidades espirituais e, também, na solução dos problemas que minha alma procura avidamente resolver ou buscar um melhor questionamento.

Carecia de um roteiro para me conduzir na vida nesta terra que pouco ou nada conhecia e que era muito diferente da vida que meus olhos incipientes enxergavam.

No esforço constante de alcançar um avanço espiritual o estudar temas que projetam imagens ideais da vida, em seus vários aspectos encaminhei e encaminho minha grande e transcendente experiência de vida.

Não tenho o direito de me queixar de nada, senão por não fazer mais do que faço.

Entretanto, o estado de inconsciência ainda é tamanho e muitas vezes me pego lamentando, queixando-me e irritado com as coisas que se passam comigo. Tamanha ingratidão! Em sã consciência, não tenho motivos para me entristecer e lamentar. São muitos os motivos que tenho para ser feliz.

Nesse esforço em cultivar o espiritual, penso que o equilíbrio no juízo dos valores é imprescindível para se cumprir os altos objetivos do homem aqui na terra.

O que são valores? Quais os que devo cultivar? Qual o juízo que devo ter desses valores?  A sensatez é um valor? Ou desse equilíbrio surge a sensatez como resultado? Há valores verdadeiros e valores falsos?

Os erros e as falhas acompanham minhas atuações. Como reparar, então, o erro cometido?

Corrigir o erro é evitar suas conseqüências. O erro tem origem na mente.

O preparo, o estudo contribuem para detectar o erro na mente e evitar que se concretize.

Uma vez concretizado o erro, como fazer? Arcar com suas conseqüências e extrair da experiência desagradável o elemento que faltou para vencer.

Devo aprender com as falhas e os erros cometidos.

Em todas as atividades estou sujeito a erros e falhas, mas nem por isso devo deixar de agir, de atuar e de continuar lutando pelo aprimoramento.

Quando se comete um erro não havia consciência, porque quando se atua conscientemente não é possível errar. O conhecimento evita o erro.

Por que erro? Porque atuo inconscientemente, sem conhecimento de causa. Quem é consciente em todos os seus atos sempre comete acertos e não erros.

Não é fácil penetrar no mundo mental, mas o conhecimento é um foco de luz que ilumina esse mundo interior.

Em meus estudos percebo que esse mundo mental vai ficando visível para o meu entendimento.

A imagem da casa mental como o recinto onde se encontram as faculdades da inteligência e os pensamentos, facilita em muito a compreensão e o entendimento desse mundo metafísico, tão real quanto o físico.

Qual a finalidade da existência?

Nesta terra muitas coisas me absorvem, impedindo-me de perceber aquilo que realmente é importante na vida.

Em prejuízo de uma boa convivência, a preocupação com os bens materiais me pode fazer insensível ao acontecer diário das vidas que se aproximam ou convivem com a minha vida.

O que é importante nesta vida? O acúmulo de bens materiais ou o acúmulo de bens espirituais?

Estou aprendendo a fazer com que as conquistas materiais estejam a serviço do avanço espiritual.

Aquelas conquistas materiais não são o fim, mas o meio para se caminhar no plano espiritual.

Os anos vão passando e o cenário da vida vai tomando outros contornos.

Surgem a estabilidade emocional e o delineamento dos passos a serem dados no caminho do existir.

A maturidade acontece e fico a pensar naqueles sonhos juvenis que permaneceram no passado e muitos deles se tornaram realidade na etapa de hoje, que um dia pertenceu ao futuro.

A luta pela sobrevivência cede espaço às conquistas do espírito, pois os atrativos do material já não ocupam tanto tempo da mente.

A escala de valores, com o tempo, vai mudando e vou aprendendo a divisar a verdadeira dimensão das coisas.

O que anteriormente tinha muito valor para mim, hoje, tem o valor que deve ter, ou seja, não vale mais nem menos do que deve valer.

A minha mente ainda se ocupa muito com os pensamentos do mundo físico, deixando pouco espaço para os de ordem superior.

Preciso intensificar o treinamento exigido pelo processo de evolução consciente.

O navegar em direção ao mundo interno precisa percorrer distâncias maiores e o permanecer na superfície não é, nessa altura da viagem, recomendável.

O apego às coisas dispensáveis contribui para o retardo no caminhar transcendente.

Há ocupações que não devem tomar mais tempo que o necessário para cumpri-las em benefício dos afazeres do espírito.

Lamentavelmente o tempo dedicado a ele, ao espírito, é ínfimo, insuficiente ao que precisa para reinar em minha vida.

O cultivo do mundo interno é uma das tarefas mais edificantes e ao mesmo tempo uma das mais difíceis de se realizar.

A viagem ao mundo interno é uma viagem ao país dos sonhos. Um sonho que pode se tornar realidade com o empenho individual.

Estou compreendendo que o que deve estar em primeiro plano em minha vida é a atenção que devo dar ao meu espírito, à vida superior. Tudo o demais decorre disso.

Não faltam oportunidades para reflexão. Podemos viver bem com pouco. A felicidade e a alegria não estão nas coisas que possuímos materialmente.

O que conta como valor real são as experiências de vida, os relacionamentos com nossos semelhantes e os vínculos de amizades cultivados.

Pude, nesses dias, ouvir de meus filhos observações sobre o meu comportamento que me estão ajudando muito no esforço que venho fazendo para superar as minhas limitações e alcançar, como resultado, uma melhor convivência com os seres queridos.

O que se faz no dia a dia deve estar intimamente relacionado com o ideal que alimento de me aperfeiçoar.

Quem me auxiliará nessa tarefa de me conhecer senão os seres queridos que convivem comigo?

A observação de minhas atitudes e conduta com relação a eles me revela o ser que sou.

Quando me sinto incomodado é porque uma parte de mim foi tocada e me mostra como sou. Um ser ainda tosco, com muitas coisas a modificar para melhor.

Quantos pensamentos horríveis saltam à mente quando desse contato e convívio com os semelhantes!

Assim, vou-me conhecendo, sabendo quem sou. Um ser que tem muito a avançar no caminho do aperfeiçoamento.

A predominância do bom humor, tão importante para romper os obstáculos que a vida nos apresenta, cede lugar à irritação nessa convivência com os seres que nos cercam, mostrando que dentro de mim, ainda existem pensamentos inferiores que devem dar lugar aos nobres e elevados.

O desprendimento é possível de ser cultivado junto aos familiares. A resistência experimentada ao emprestar algo que me pertence a um ser que dele necessita não mais me incomoda como há uns anos atrás. Isto significa que outra classe de pensamentos existe em minha mente, contrária à que antes predominava nela. O resultado dessa nova conduta traz uma alegria íntima indecifrável. Já experimento o gradativo desapego dos valores materiais que tanto subjugam e escravizam os seres.

O estudo de minha própria psicologia partindo da observação que faço de meu comportamento e conduta em relação aos seres queridos, principalmente, e aos demais me está permitindo descobrir facetas de meu ser que ainda não se haviam revelado e a pensamentos e sentimentos que julgava não ter.

Avalio hoje que devo me aprofundar mais nessas observações, estudá-las, analisá-las à luz do conhecimento que certamente me oferecerá o conhecimento cabal do que me ocorre.

Como transcender essas limitações da vida e dar um salto para a imortalidade?

Só vejo um meio, dando participação, nesta vida física, a meu espírito que é a essência divina e eterna que vive dentro de mim e alenta o ser físico e é o elo que me liga ao Criador.

Como fazer isso? Cultivando valores eternos consubstanciados com esse espírito imortal.

Para tanto tenho que aprender a valoriza o real, atribuir real valor a cada coisa que me cerca e que direta ou indiretamente tem a ver com a minha vida.

Por que estou aqui nesta terra? Para aperfeiçoar o meu espírito. Ele tem que completar a sua evolução, colhendo e armazenando o aprendido nesta etapa de vida.

O que o espírito irá levar?

Ao conviver com os demais seres humanos eu tenho em conta que estou tratando com um espírito em evolução, uma alma que luta por sua subsistência? E mais, que estou convivendo com um filho de Deus? Quanto respeito e elevação de mira significam essa convivência quando temos em conta essa realidade!

Ao pensar assim, a mesquinhez desaparece, surge o respeito mútuo, as arestas se aparam e as chispas do roçar das deficiências servem para polir o brilhante que existe dentro de cada um de nós, súditos dessa Criação Universal.

CONCLUSÕES:

1 - A substituição do crer pelo saber é o primeiro passo para se começar a investigar no plano espiritual e a estabelecer a vinculação consciente com o Criador;

2 - A revisão dos conceitos é imprescindível para se encarar, com êxito, os primeiros esforços no caminho do aperfeiçoamento;

3 - A mistificação, o embuste, a mentira e o falso não resistem ao conhecimento e à reflexão;
4 - O real conhecimento ilumina o mundo interior e permite que o espírito passe a fazer parte da vida do ser que anima.

                                                


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